27/02/2010

Xiiiiiu

Quando certa vez eu li que as mulheres “precisam” falar cerca de 20.000 palavras por dia, assustei. Uau!

Eu achava que não consumia toda a minha cota de palavras diárias. E de fato, mesmo com um trabalho que exige comunicação constante (por bem ou por mal), não creio que eu externe tudo isso de palavras. Não, definitivamente. Aliás, pessoas que falam demais me deixam irritada.

Mas se por um lado eu não falo muito pra fora, pra dentro é uma matraquice sem limites. O tempo todo, todo o tempo.

Eu posso não falar todas, mas penso cada uma delas, e devo até exceder o meu limite diário.

É só eu me distrair um pouquinho que seja, e lá está instalada a balbúrdia.

Chego a ficar zonza. E - mal educados esses pensamentos - não bastasse falar tanto, alguns ainda gritam e dizem coisas que eu não gosto.

Quisera poder instaurar a Lei do Silêncio para que ao menos respeitassem a hora de dormir...

Dos falantes a gente se livra com uma desculpa qualquer mas... e da tagarelice-pensante?


Pensar é bom, mas em alguns momentos, apenas alguns, eu preferia a paz de quem não pensa em nada.




"Pode escrever-se acerca do silêncio, porque é um modo de alcançá-lo, embora impertinente." Herberto Helder em "Photomaton e Vox"



24/02/2010

Martha Medeiros

Eu, normalmente, posto aqui somente as minhas impressões. Mas hoje lendo o blog da Carlinha, que citava a Martha, me lembrei dessa crônica e me deu vontade de postar, embora eu saiba que muuuita gente já conhece.

"Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo: "olha, não dá mais".
Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha acabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda o amava muito) com um e-mail, não é mesmo?
Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu:"mas agora eu tô comendo um lanche com amigos".
Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava ser uma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais inteligente, ele não volta pra mim?
Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema. Nos meses que se seguiram eu me tornei um dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta.
E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia. Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito.
Decidi ser uma mulher mais feliz, afinal, quando você é feliz com você mesma, você não põe toda a sua felicidade no outro e tudo fica mais leve. Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas,quintupliquei o número de leitores do meu site e nada aconteceu.
Mas eu sou taurina com ascendente em áries, lua em gêmeos e filha única! Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi que eu tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim.
Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida. Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida.
Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip,cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros, ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris.
Como última cartada para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha. Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar. Resultado disso tudo: silêncio absoluto.
O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele.
Até que algo sensacional aconteceu.
Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher demais para ele.
Ele quem mesmo???"

Martha Medeiros - colunista do jornal Zero Hora de Porto Alegre, e de O Globo, do Rio de Janeiro.

21/02/2010

Sobre o que importa... ou não...

A vida é fugaz, é verdade, embora isso seja já batido...
É que ultimamente me pego pensando em quanto desse tempo a gente perde, desperdiça sem nenhum remorso, joga fora sem perceber.
Gastamos nosso tempo em coisas tão absolutamente sem importância!
Julgando os outros ou pensando em como eles deveriam ser; com a mediocridade; com crenças alheias que absorvemos como se fossem nossas próprias; com a mesquinhez; com perguntas desnecessárias e inúteis e depois remoendo as respostas quando as encontramos; com questões que simplesmente não tem respostas; com medo; com lembranças; com rancores; com egoísmo; com auto estima machucada; com orgulho; com a construção de muros; lambendo as nossas feridas; lamentos e culpas; querendo trocar a cenografia; nadando contra a maré; nos acorrentando a situações estressantes e tantas outras coisas.
E perdendo nosso tempo com isso deixamos, às vezes, de ver o que de verdade importa.
Importa é o encontro, a espontaneidade, a admiração, o instante, o olhar atento aos nossos sentimentos, a intimidade, o cheiro de quem a gente gosta, a delicadeza, a risada, a coragem de chorar, o respeito, a empatia que nasce do nada, o que se fala, o que se cala, a música, o poema que podia ter sido escrito por nós, o que pensamos sobre nós mesmos, para onde queremos ir, é sonhar sem perder o chão, é viver, é correr os riscos, ganhar, perder, é descansar em paz. Importa é saber que tocamos outras vidas, conhecidas ou não, e que de alguma forma fazemos diferença.
Podemos passar toda a existência sem perceber o que realmente importa.
E o que que de verdade nos importa, pode não importar a mais ninguém. Mas isso não tem nenhuma importância.

16/02/2010

Ô abre alas...

Verdade seja dita, eu jamais fui uma amante apaixonada pelo Carnaval. Nunca gostei de multidões e muito barulho, bagunça, gritarias e afins.

Mas lembro com muito carinho e saudades os carnavais da minha infância, passados em cidade do interior (nessa época todo mundo ali se conhecia), as matinês no clube da cidade, os blocos de rua pela noite, as fantasias (eu invariavelmente era uma odalisca) e as marchinhas...

Ahhhh as marchinhas! O que foi feito das marchinhas?