30/12/2010

Este ano, quero paz no meu coração...




Assim que então lá se vai 2010? Tão cedo? 
PonteQuePartiu, tô é ficando velha mesmo... primeiro porque só pra quem já tá meio velho o tempo passa tão depressa (é, pergunta pra um adolescente se pra ele passou igual) e depois porque “na minha época” 2010 era mesmo tão distante quanto uma odisséia no espaço, e no entanto, olha eu aqui! Já deixei 2010 pra trás.
Enfim, toda essa embromação pra dizer que nos venha 2011!!! 
Novamente não vou desejar que todos os seus sonhos se realizem, a vida não vai mudar só com o virar da folhinha do calendário mesmo. Mas desejo sobretudo, que você possa, consiga e saiba aproveitar as 365 novas oportunidades que se estendem à sua frente.
Tin-Tin

14/12/2010

Coisas do interiorrrr


Uma pena que o Aurélio não tenha tido um primo ao estilo Chico Bento para fazer um dicionário de expressões do interiorrrr (como a língua bem enrolada, por favor). Mas deixo aqui a minha pequena contribuição, em favor daqueles que por ventura nos visitem.

Quando alguém te convidar para um programa com outras pessoas, pergunte: Quem tanto vai?

Quando alguém te comentar algo, responda: Nem...

Quando não quiser fazer algo, diga: pode erguê

Quando você quiser dizer para alguém não se preocupar com algo, diga: Largue mão

Quer convidar alguém para entrar na sua casa? Então é: vamo chegá

Perdi a hora? Não... rodei

Você estava na companhia de alguém que desapareceu? Levou um perdido

Para autorizar um serviço, diga: Pregue fogo

Uma pessoa agitada é espeloteada

Gostei da piada... coaiei de ri

Estrupício... bom, é estrupício mesmo

Tempos atrás costumávamos ir a... Não, assim é: De primeiro a gente ia...

Tem alguém te atrapalhando? Fale: Pinica daqui!

Algum lugar vai estar cheio? Então ele vai fervê de gente

Se alguém é rapidinho, então ele é um cisco

Precisa de tempo pra pensar na resposta? Diga: Xéééé

Se ficou surpreso com algo, a expressão correta é: Senhor da capela

O moço não é muito másculo? Essa coca é fanta...

A pessoa se fez de boba? Então ela deu uma de miguelão

Se quiser xingar alguém, é melhor dizer: porva, caipora, paia

E por fim, mas não menos interiorano...

Xau

03/12/2010

Maturando

A cada dia que passa, mais e mais me convenço de que as coincidências não existem. Não... coincidência é só o que gostariamos que fosse. Nenhuma delas resiste a um olhar pouco mais observador. É como uma fórmula matemática, simples e certa.

02/12/2010

Acontece...

Noutro dia lia uma crônica do Carpinejar - que aliás acho muito figura (no bom sentido) - e tenho certeza que, homens e mulheres, sabem perfeitamente do que ele está falando. A mulher que nunca acordou de mau humor por conta disso ou o homem que nunca sofreu as consequências, que atire a primeira pedra...


Cuidado com o que ela sonha...

Brinco com a minha mulher de que, na hora do sexo, ela pede para acender a luz e sou eu que insisto para apagar.

Homem feio tem pudor. Vá que ela descubra com quem dorme.

O humor nos salva das grandes brigas. Só não consigo me livrar das pequenas, da ressaca de algumas manhãs. Tem dias que ela se levanta me xingando, me espancando com o edredon. Não entendo o que fiz. Vou apanhando antes de qualquer palavra. Acho que cometi uma barbaridade, tipo ter alucinado com outra ou trocar seu nome. Será que vacilei em voz alta? Eu nem me defendo, pensando que ela está certa mesmo. Quando não tenho culpa, pego emprestada a mais próxima de mim. Ou do estoque da infância, sempre cheio.

Mulher é vulnerável, suscetível, vive em estado de floração, se vê injustiçada por delicadezas que nem noto. Nunca fui bom no jogo dos sete erros. Basta uma expressão deslocada e ela chora compulsivamente, dizendo que não merecia tanta desconsideração. O grave é que desconheço a maior parte dos motivos do choro, preciso primeiro enxugar as lágrimas, acalmá-la e isso exige mais de quarenta minutos.

Ela estava uma fera comigo. Após ser sovado como uma broa, pulou da cama com a arrogância que apenas a tristeza dá. Não me encarava, virava o rosto. Segui atrás, ela bateu a porta do banheiro na minha cara e fiquei conversando pelo trinco.

— O que foi, amor?
— Me deixa em paz…

Já cogitava uma grosseria feita de noite. Mas me lembro que ficamos abraçados, gostosos, cheirando os olhos. Não havia lógica. Recapitulei o jantar com os amigos, arrecadei minhas principais participações, criei um balanço das contas linguísticas das últimas 24 horas. Nada que provocasse sua mágoa. Às vezes ela zoa, arma charme e vem com soquinhos nos meus braços comentando que não sabe o motivo de estar me batendo, mas que eu devo saber. Não era o caso. Parecia grave.

— Amor, me conta o que está acontecendo?
— Não quero, se eu conto você vai se defender…

Demorou o banho, o café, a saída apressada ao trabalho para descobrir a verdade. Fiquei tenso em vão, limpei o elepê de Cauby Peixoto para escutar de madrugada, preparei discursos inúteis de despedida.

— Pode desabafar agora?
— É que sonhei que estava me traindo. Tudo horrível.
— Mas não posso me responsabilizar por aquilo que sonha.
— Não tem ideia do que aprontou, por quê? Por quê?
— Estamos ótimos, é um sonho, não aconteceu.
— Aconteceu sim, da próxima vez peço para me cornear em seus sonhos, não nos meus.

A vida é injusta. Não tenho como apagar a luz dentro dos pesadelos dela.


Fabricio Carpinejar