Já tô de saco cheio de ser parada na rua, ter que responder no orkut, no facebook, no msn e em qualquer lugar sobre a greve dos bancários.
Estamos de greve mesmo, exercendo um direito que nos é garantido pela Constituição. Pelo menos esse, haja vista que tantos outros nos são negados todos os dias.
Acho na verdade que brasileiro tem uma falta de união que é de dar vergonha. Cada um pensa no seu individual e em mais ninguém. Não tá nem aí se os outros estão sendo explorados, (sim, explorados mesmo, eu sei em que condições chego na minha casa todos os dias) cada um só quer saber de si, se a merrequinha do meu dinheirinho tá na conta é o que me importa, dane-se o mundo. Ao invés do povo se apoiar, não, cada um se isola no seu mundinho e ái de quem se atrever a atrapalhar.
Se os correios fazem greve, os funcionários são vagabundos; se os transportes fazem greve, os funcionários não querem trabalhar; se bancário faz greve é de alegre porque ganha bem e trabalha pouco... e assim com os professores, os médicos, os lixeiros, os metalúrgicos, etc.
Muitos dizem: “Ahh trabalha no banco porque quer.” Quem aqui trabalha porque quer?
E se sim, se eu trabalho no banco porque quero, então somente por causa disso não tenho o direito de querer melhorias? Tenho que me conformar com qualquer coisa?
Pelamordedeus, porque é quem critica não vai se informar hein?
Uma pesquisa de um minuto no Google vai mostrar que o banco lucrou, no ano passado, algo em torno de R$ 8,8 bilhões, um salto de 74% sobre 2007. Vai mostrar também que o salário médio de um bancário é de R$1.100,00. Pensa que a carga horária é de 6 horas? Se enganou. Um bancário é contratado para trabalhar 6 horas/dia, mas trabalha em média 10 horas/dia sem direito a horas extras. E tem mais, o monte de cursos que temos que fazer, nas horas em que não estamos no trabalho, claro, para garantir que haja preparo para a execução das atividades, atividades essas nas quais um erro bobo pode acarretar sansões administrativas, processos cíveis e criminais.
E como será que o banco teve um crescimento de 74%? Não sabe? Procure o número de bancários nos consultórios psiquiátricos ou no banco de dados do INSS. Todo trabalho tem metas, isso é uma coisa lógica e positiva quando bem trabalhada, agora quando você chega no trabalho e a primeira questão com a qual se depara no dia é “quem vamos demitir ou descomissionar hoje se não alcançarmos X em previdência” aí a coisa se torna destrutiva. E diga-se de passagem, o X é sempre um número absurdo, inalcançável e fora da realidade. Ahh e não ganhamos nada a mais por isso.
Não estamos exigindo nada absurdo, somente que o nosso salário seja no mínimo reajustado conforme a inflação (aumento real de salário a classe não tem há mais de 7 anos mesmo), que sejam criados mais órgãos de proteção ao assédio moral e que sejam criados mais postos de trabalho.
Não concorda com a greve? Ok, eu também acho que já vai longe o tempo em que greve surtia grandes efeitos, não sei se há outra forma de se fazer ouvir, mas respeite e procure saber do que está falando antes de ficar criticando.
E só esclarecendo, os serviços que são prestados dentro de uma agência bancária como depósitos, recebimentos e pagamentos podem ser feitos por canais alternativos como internet, telefone ou auto-atendimento. Assim que ninguém está ficando sem dinheiro ou sem poder pagar suas contas porque os serviços básicos para a população estão sendo mantidos por funcionários, que para não deixar o povo na mão de uma vez, vão trabalhar e são por isso tidos como maus colegas. A esses funcionários também o meu respeito (eu sou uma dessas).
Me desculpem pelo desabafo meus amigos, sei que vocês fazem parte da ala que tem bom senso e nem precisariam estar lendo isso.
E também desculpem-nos pelo transtorno.
2 contracenaram:
POis é...brasileiro é assim, adora apontar o dedo para os outros. Afe!
Bom senso é a coisa mais bem distribuida na face da terra. Todo mundo acha que tem na medida exata.
Pessoalmente, não gosto de greves. Mas respeito quem entenda que seja um instrumento legítimo de negociação.
Só não aceito quando extrapola o âmbito da relação empregado x empresa e atinge quem não tem nada a ver com isso, com a desculpa de "sensibilizar" a opinião pública (o que, alías, não funciona).
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