Nestes dias, enquanto almoçava, eu lia uma revista (o que é bastante comum, não consigo almoçar fora de casa sem estar lendo alguma coisa). Bom, uma das matérias da revista falava sobre personalidades, assunto que sempre me atraiu bastante, deve ser assim com muitas pessoas.
O que me chamou a atenção na matéria foi um destaque que dizia: “Você tem até os 30 anos para tentar ajustar a sua personalidade. Depois disso, é melhor não contar com mudanças. O ponto é que depois dos 30 anos a sua personalidade tende a se congelar como é.”
Claro que não é que não conseguiremos mudar nada, mas teremos que trabalhar com o que temos. Ou seja, uma pessoa quieta e discreta com um pouco de esforço pode fazer uma palestra, mas não vai mais se tornar o piadista da turma.
Há algum tempo eu tenho percebido isso.
Estou sempre em luta comigo mesma. Sempre tentando vencer meus medos, minhas reservas, minha timidez, minhas travas, meus pré-conceitos, e tentando e tentando e tentando... sempre achando alguma coisa com o que brigar, alguma coisa que não gosto, algo que quero mudar.
Eu já passei dos 30 anos, será que não é hora de parar de querer mudar o jeito que eu sou e passar a me aceitar? Aceitar que algumas coisas não vão mudar por mais que eu tenha vontade, que eu já sou burro velho?
Isso é extremamente cansativo. Me suga energia que eu deveria gastar com outras coisas.
Finalmente entendo que somos queridos ou não por nossas minúcias, por nossa essência, por sermos quem somos.
Sabe, não vou conseguir agradar todo mundo nunca. Sempre vai ter alguém insatisfeito com alguma coisa, sempre vai ter alguém para quem eu não fui suficiente, alguém que esperava mais de mim. Mas viver tentando driblar isso é loucura! Viver tentando ser quem eu não sou e não vou ser, é loucura. Agradar aos outros às custas do que eu quero, do que eu gosto e do que eu sou, é loucura.
Isso mesmo de começar a escrever um blog, por exemplo. Fui eu tentando vencer essa imensa reserva que eu tenho. Nunca gostei de ser o assunto principal numa conversa, não sei falar de mim a menos se questionada frontalmente. Prezo muito a minha privacidade. E aí então um dia resolvi radicalizar. Um blog.
Bom, é certo que aqui só me exponho até o ponto que quero, só digo o quanto quero e o que quero. Mas fui tomando gosto pela coisa, eu vi que tenho coragem de escrever coisas que não teria coragem de falar, me sentia à vontade. Aqui não temos rostos, só sentimentos. Não preciso ter medo. Aqui eu converso comigo. Me entendo melhor. É, parece que quando escrevo sobre alguma coisa que me incomoda, sobre algo que eu estou sentindo, parece que eu consigo entender isso melhor. É verdade também que nunca esperei que alguém um dia fosse ler este blog, talvez isso tenha me dado um empurrãozinho a principio.
Que eu sempre fui melhor escrevendo do que falando não há dúvidas. Sou eu mesma, só que mais livre. Não sei explicar isso, mas quando escrevo, qualquer coisa, uma carta, um email, um texto, até um contrato, as palavras vem com facilidade, fluem mais rápido e mais fácil. O que já não acontece quando estou conversando.
Falar de sentimentos então é a coisa mais difícil do mundo, os sentimentos estão ali, tão fortes que me sufocam, mas não sei bem como botar tudo isso pra fora, sejam sentimentos bons ou ruins. Eu sinto com intensidade que às vezes me assusta mas travo lá dentro e provavelmente quem me olhe não será capaz de imaginar isso.
Já briguei muito comigo mesma por isso, por querer ser mais extrovertida, falante, por querer botar pra fora as coisas com facilidade, sem me importar com nada. Mas eu não quero mais lutar pra ser quem eu não sou. Se fosse extrovertida e falante não seria eu.
Eu sou mesmo assim, quieta, tímida com quem não conheço (a única coisa engraçada é que não sou tímida no banco, falo o que for preciso sem medo), reservada, fujo de discussões e nem sou capaz de efusivas demonstrações de sentimentos, embora estejam todos ali, intensos: raiva, angustia, alegria, amor, felicidade...
Não dá mais pra ficar enxergando somente os meus defeitos, passei da idade de ser modesta, passar dos 30 tinha que ter alguma vantagem. Também tenho lá algumas qualidades e se isso não for bom o bastante para mais alguém, pelo menos vai ter que ser bom o bastante para mim. É assim que eu sou.
Não é mais tempo de tentar mudar e sim de me aceitar.
10 contracenaram:
Menina, nem cheguei nos trinta ainda, mas to na fase de perceber que eu tenho que me aceitar... mas eu não conseguia enxergar isso, e uma hora você percebe que muito do que você considera horrível em você é o que justamente te faz ser tão importante...Então mudar pra que?? Pense nisso
Beijos!
Eu já li isto há algum tempo só que de modo diferente. Li que uma pessoa amadurece só até os 30.
No mais me vi em cada linha de teu post.
Abraço!
Bom final de semana.
Eu me amo, mas se quiser mmudar algo em mim, então, terei ainda mais 3 anos. Ufa!
Beijinhos
Já passei dos trinta.
beijooo.
Nossa Taís que delícia me libertei nesse momento em suas palavras...
Tem mesmo coisa que não muda em nossa vida, e nos aceitar é preciso... Concordo com "Eu e a Solidão" e também preciso refletir sobre isso, já que vivo em atrito comigo mesmo... Ainda falta um tempo pra chegar aos 30,mas passa voando, né?
Beijos e bom final de semana!
Oie Taís, adorei o texto.
Bom, segundo a dialética, tudo está em eterna mudança, eterna transformação e nós seres humanos estamos incluidos nisso.
Temos que querer mudar sempre porém, nunca para querer agradar os outros. Temos que mudar para agradar somente uma pessoa: Nós, apenas nós.
Beijos e tenha um bom final de semana!
;)
Faz muito sentido.
Olá! Dei uma passadinha por aqui,
só para ver como você estava
e te desejar um
ÓTIMO DIA!!!
Lembre-se, hoje é um dia muito especial,
Melhor que ontem e muito melhor que amanhã,
Hoje você têm a oportunidade de fazer as coisas diferentes.
Bom Dia!!!
beijooo.
Eu não concordo com algumas coisas das quais escreveu. Eu acho que se queremos mesmo mudar, mudamos. Não importa a idade. Acho que depois dos 30 cansamos e nos aceitamos como somos, não sei. Mas se acontecer algo forte o suficiente parar tornar o alegre da turma no mais funebre, ou o cara mais triste no mais alegre, acho que podemos mudar a qlqr hora. Tudo depende de circunstancias.
Sobre o resto, concordo com tudo. Mudar por causa dos outros é horrivel... Durante mto tempo eu quis que gostassem de mim (UMA pessoa gostasse de mim, tipo, uma garota especial e talz) mas isso não acontece... Quando nos moldamos pras pessoas, elas simplesmente não nos dão valor. A maioria das pessoas dá valor a quem se mantem firme onde está.
Ahh, eu entendo da intensidade que disse... Mas oh, se eu morasse perto de ti, levava vc pra estrada e parava o carro no acostamento, longe de tudo, e lá a gente gritava o mais alto que pudessemos \o/
Uma coisa que eu sempre tive vontade de fazer, e aposto que vc ia gostar tb \o/
De qlqr modo ma cheri, tudo o que viveu tornou vc a pessoa maravilhosa que é hoje ^^
Beijooooos,
au revoir :*
A pergunta é - porque mudar? Abraço.
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