Se ser preconceituosa é procurar falar certo e querer ouvir quem fala, então eu sou a mais preconceituosa das criaturas. E com orgulho.
Não vou me alongar em explicações, todo mundo sabe do que eu estou falando: o novo livro distribuído pelo MEC (?) "Por uma Vida Melhor", da ONG Ação Educativa.
Defendem dizer, por exemplo: "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado" ou “nós pega o peixe”. Dizem também que "a escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma 'certa' de falar, a que parece com a escrita; e o de que a escrita é o espelho da fala". Ainda, segundo os autores, o estudante pode correr o risco de ser vitima de preconceito caso não conheça a norma culta.
Aham... senta lá Cláudia... como diriam minhas filhas.
Eu sei exatamente (bom, na maioria das vezes) os erros que cometo. E os cometo propositalmente, porque quando escrevo não tenho a pretensão de fazer literatura a la Ruy Barbosa, sequer de fazer literatura e escrevo então aqui, coloquialmente. Todo mundo faz isso. Agora, falar e escrever coloquialmente é uma coisa, falar e escrever errado é outra bem diferente. Ninguém merece um chato que fala pela norma culta, é um porre, mas daí a ensinar nas escolas que tanto faz concordar ou não o verbo com o sujeito ou usar o plural, faça-me um favor... São erros grotescos, que fazem doer meus ouvidos.
Elas não vão justamente à escola para aprenderem o que é correto? Ou eu estou por fora? Parece-me que para aprender assim, minhas filhas não precisam sair de casa. Bom, precisam. Em casa aprendem a falar e escrever corretamente.
É o fim da gramática? Não há mais certo ou errado, somente variações?
Como bem disse o professor Sérgio Nogueira: “É um preconceito da mesma forma que se uma pessoa for fazer uma entrevista usando chinelo e regata será discriminada” e “O que me irrita mais nessa história é que se fala tanto em preconceito e discriminação, mas acho que a discriminação maior é acreditar que a criança é incapaz de aprender plural e concordar verbo com sujeito."
De qualquer forma, num país que tem em sua Academia de Letras nomes como o de Paulo Coelho, Sarney, Marco Maciel e outros, que elege Tiririca como deputado federal e o coloca na Comissão de Educação e Cultura da Câmara, que veta obras de Lobato nas escolas, nada mais deveria surpreender. Mas olha só, ingênua que sou, novamente fico de queixo caído.
Eu não sou paranóica, mas começo a achar que a teoria de que há uma conspiração para “emburrecer” o povo, até que faz sentido.
Dicas indispensáveis para quem vai à Cancún!
Há 5 meses
4 contracenaram:
Em nota do José Simão: Luciana Gimenes voltou ao programa Super-Pop falando errado "é que esqueci o português"...agora não faz mal pode falar e escrever errado que tudo bem!!!
Quero minha mãe!!!
Escritores clássicos de nossa literatura já eram eruditos aos 20 anos. Hoje, perdeu-se muito em aprofundamento das bases literárias, da evolução histórica dos escritos e da formação geral necessária de quem queira escrever. Pior quadro ainda para quem precise redigir coisas mais prosaicas.
Há de fato algo de inconsequente, concordo, nas novas teorias e práticas do ensino da língua, para ficarmos apenas por aí.
Dri: Pois é, Luciana é a baluarte desse novo conceito. E nem vai mais precisar pedir desculpas, não fala mais errado.
Alvaro: esses nossos grandes devem estar a se revirar nos túmulos...
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